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domingo, 22 de janeiro de 2012

Lançamento de A Privataria Tucana lota sindicato dos bancários no Rio


20/01/2012 
por Rogério Lessa

Durante lançamento do livro Privataria Tucana, editado pela Geração Editorial, o autor, jornalista Amaury Ribeiro Júnior, afirmou no Sindicato dos Bancários do Rio que apesar de ignorado pela imprensa hegemônica a publicação “está sendo um sucesso de vendas porque as pessoas que foram massacradas pelas privatizações estão comprando”. O jornalista alertou para o fato de que o processo de privatizações não foi interrompido. “Estão sucateando a saúde, mas a imprensa não mostra. Ao contrário, sempre disseram que a venda de patrimônio público ia melhorar a vida das pessoas, mas o resultado é que as tarifas dispararam. O povo brasileiro foi roubado”, acusou.


Ribeiro Jr. disse que uma grande empresa de comunicação teve suas dívidas referentes ao fornecimento de energia anuladas após a privatização da Light. E apontou a “elite paulistana de quatro séculos” como uma “elite perversa, que ignora a existência dos pobres e trabalhadores e inverte valores”. Segundo ele, a imprensa hegemônica dá suporte a essa elite e “tirou a máscara” nas últimas eleições. “A mídia hegemônica apóia essa elite porque se beneficia. Tanto que ninguém põe meu livro no jornal. Pelo contrário, valorizam outros jornalistas, aqueles que se corromperam”, acrescentou, citando nomes conhecidos da crônica política brasileira.


Lembrando que uma tradicional revista de circulação nacional “é sócia do banqueiro Daniel Dantas”, o jornalista afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das privatizações será aberta pelo próprio governo “se não quiser ficar mal diante da opinião pública, caso contrário os movimentos populares irão para a rua”, previu, diante de um auditório lotado.


Mídia alternativa


O lançamento de Privataria Tucana foi acompanhado por mais de 200 pessoas através de diversos blogs ligados ao movimento social. Segundo a publicação, o Brasil gastou R$ 87,6 bilhões com empresas que compraram estatais como a antiga Vale do Rio Doce. O jornalista revela ainda que o governo federal administrado pelo PSDB assumiu dívidas de empresas privadas. “Alguns colegas têm vergonha disso: escrever que o PSDB não tem nada a ver com esquema de privatização. É hipocrisia que não tem tamanho”, destacou Ribeiro Jr.


Presente ao evento, o deputado federal Protógenes Queiroz (PcdoB-SP) destacou que o lançamento do livro foi também um ato de apoio à criação da CPI das Privatizações, da quel é propositor. “O livro de Amauri é um documento escrito a partir de dados oficiais por um jornalista da chamada ‘grande imprensa’. Ela tenta mas não tem moral para desqualificar um profissional que já ganhou prêmios como o Esso e o Wladmir Herzog”, comentou. Para o deputado, que pediu demissão da Polícia Federal, onde era delegado, “o livro revela uma super estrutura perversa e criminosa de poder, que perseguiu a mim e à minha família.


De acordo com Queiroz, a privatização da Vale do Rio Doce foi um crime de lesa pátria. “A riqueza da Vale não retorna para o povo que nela investiu. Venderam quase todas as empresas lucrativas com esse perfil e, em 1999, saíram do país através das antigas contas CC5 US$ 124 bilhões. O contrabando e o narcotráfico não geram uma saída de recursos tão grande”, comparou o ex-delegado da PF, que coordenou a operação Satiagraha. “Na operação, observei que os mesmos políticos tucanos e os mesmos doleiros que trabalhavam para Paulo Maluf (PP-SP) também serviam ao banqueiro Daniel Dantas. Ambos foram presos por mim”, lembrou. “Os bancos estaduais estavam a serviço dessa lavanderia criminosa.”


Pré-sal ameaçado


Queiroz afirmou categoricamente que o ex-candidato à presidência pelo PSDB, José Serra, “é o centro de um esquema que queria privatizar inclusive o petróleo e está ligado a tudo isso, bem como sua filha e genro, tanto que ninguém saiu em sua defesa, nem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”. Sobre a resposta de Serra, que teria classificado o livro de Ribeiro Jr. como “lixo e palhaçada”, o deputado do PcdoB disse que “haverá resposta dos movimentos sociais, estudantes e políticos”.


Revelando-se preocupado com o destino do petróleo do pré-sal, Queiroz afirmou que “a cada poço encontrado, mais aumenta minha preocupação”. Isto porque, segundo o deputado federal, falta articulação nacional para defender esse recurso mineral estratégico. “As mesmas forças orgânicas se movem de forma criminosa”, acusou, dizendo-se temeroso (também pela falta de articulação nacional) quanto à elaboração de uma nova lei para reger as comunicações. “A privatização não parou e está chegando à Saúde”, acrescentou.


O ex-delegado da PF disse ainda que o cadastro sigiloso do Detran teria sido vendido a uma corretora, controlada por um grande banco, por um empresário que preside um conhecido instituto de pesquisa de opinião. “O cadastro sigiloso foi vendido por US$ 2 milhões, ou seja, o Detran foi privatizado de graça”, concluiu.


BNDES privatista


Também presente ao evento, o deputado estadual Gilberto Palmares (PT-RJ) lembrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi ponta-de-lança para a venda de patrimônio público. “O banco foi usado para privatizar, e não para desenvolver o país. Já outros bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa, foram transformados em instituições de segunda linha. O governo tucano usou sua influência também em fundos de pensão de estatais, como a Previ, para vender patrimônio dos trabalhadores”, disse, prometendo vender Privataria Tucana na porta da Embratel.


“Na época das privatizações, os trabalhadores do setor, que autorizaram o desconto de 1% de seus salários para bancar a campanha contra aquele processo foram acusados de usar dinheiro público contra a privatização das telecomunicações. Agora temos este importante documento para revelar, a partir de dados oficiais, todo esse processo danoso ao país e à sua população”.


Participação popular


No espaço aberto para manifestações da platéia, um militante do Sindicato dos Aeronautas lembrou que o processo de privatizações continua no atual governo. “É um governo de coalizão, com amplos setores altamente conservadores, como no caso da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que é dirigida por neoliberais. A agência se omitiu quanto à desnacionalização das empresas de aviação nacionais e agora se empenha na privatização dos aeroportos”, disse o sindicalista, lembrando que os aeroportos de Guarulhos (São Paulo), Viracopos (Campinas) e o aeroporto de Brasília são os primeiros da lista para serem leiloados.


Sucesso de vendas


Lançado no início de dezembro de 2011, Privataria Tucana vendeu 15 mil exemplares em menos de 48 horas e já está em sua segunda edição. Apesar do sucesso, o livro, que custa R$ 34,90 no site da editora (Geração Editorial) tem sido ignorado pela mídia hegemônica, mas, por outro lado, esse comportamento da imprensa tem sido motivo de indignação e piada na Internet.


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